terça-feira, 30 de setembro de 2008

Brasilienses sem a Casa Própria

A renda do brasiliense está entre as maiores do País. Nem assim, entretanto, é suficiente para garantir ao morador do Distrito Federal a realização do sonho da casa própria. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que apenas 60,4% dos habitantes da capital da República têm domicílio próprio. Bem abaixo da média nacional, que atinge 69,8%. Aliás, entre todas as unidades da Federação, o DF é a que tem menor percentual de habitantes com residência própria.

Isso, mesmo levando em consideração que entre 2001 e 2007 houve um aumento de 31,73% no número de imóveis próprios no DF – de 334 mil para 444 mil. Já os alugados cresceram 48,25% – de 143 mil passaram a ser 212 mil. Os números fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), divulgada pelo IBGE na última semana. Especialistas atribuem a última colocação no ranking da casa própria, entre outros fatores, à oligopolização do mercado imobiliário no DF. Segundo o professor de Geografia da Universidade de Brasília (UnB), Neio Campos, a oferta de terras aqui é extremamente controlada pelo governo, o que contribui para que o preço do metro quadrado fique salgado.
De acordo com o professor da UnB, a taxa de crescimento populacional também tem relação com a média da casa própria no DF estar mais baixa do que em estados como o Maranhão (81,3%) e Rio Grande do Sul (79%). "A população cresce, mas a oferta de imóveis não acompanha isso", destaca. Quanto à renda do brasiliense, o professor explica que o fato de não ser distribuída de forma igual faz com que muitos não desfrutem dos benefícios de morar em algo que é seu. "Esta taxa abaixo da média demonstra um aprofundamento da desigualdade social", acrescentou.

O presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do DF (Ademi), Adalberto Valadão, se mostrou surpreso com o resultado da pesquisa. Segundo ele, hoje em dia está mais fácil comprar o tão sonhado imóvel e as pessoas, nos últimos tempos, têm se esforçado mais para isso. "Temos financiamentos adequados, prazos alongados e crédito a todo momento", ressalta.

O DF apresenta uma dinâmica urbana peculiar, se comparada a outros estados. Conforme o professor da UnB, se não forem aplicadas políticas públicas constantes que coibam o crescimento da habitação irregular, a sociedade pode pagar um preço alto. "Com um mercado imobiliário tão seletivo e com a pobreza pressionando este mercado fica difícil", destaca Neio Campos.

"O mercado aqui funciona por intermédio de espasmos. Quando se lança um empreendimento, ele logo vem acompanhado dos preços altos. É o caso do Setor Noroeste lançado pelo governo recentemente", enfatiza o especialista da UnB. Estimativas mostram que um imóvel de cem metros quadrados no local vai custar cerca de R$ 600 mil.
Jornal de Brasília - 30/09/08 - Gisela Cabral

quarta-feira, 30 de julho de 2008

O alto custo dos imóveis em Brasília

Terrenos escassos, legislação que limita o número de andares e de prédios, áreas com restrições para construções e a valorização pelo fato de ser a capital federal do país fizeram de Brasília uma das cidades mais caras para se comprar imóveis no Brasil. Mesmo sem o privilégio da vista para a baía da Guanabara ou longe de oferecer as facilidades do maior centro financeiro do país, os preços dos apartamentos no Plano Piloto e no Sudoeste estão em níveis semelhantes ao de bairros de classe média alta de Rio de Janeiro e São Paulo.
Como os terrenos são escassos, quem os possui é também dono de um poder de barganha fenomenal, mais ainda por estarem nas mãos de poucas empresas. A Terracap, única empresa que comercializa terrenos, não tem estoque nem no Plano Piloto nem no Sudoeste. E essa escassez encarece o preço dos imóveis usados e novos. Outro fator que determina o preço é o lance mínimo que a Terracap estipula para vender a projeção, a terra pública é uma particularidade de Brasília, mas isso não significa que é barata, está nas mãos de uma estatal que parcela e vende a conta-gotas porque precisa arrecadar recursos para o governo.

A Universidade de Brasília é hoje a única dona de terrenos vazios no Plano Piloto. Em vez de vendê-las, troca por apartamentos prontos. Em outras palavras, oferece o terreno a uma incorporadora e, como pagamento, negocia uma quantidade determinada de unidades. Em média, a UnB fica com cerca de 45% dos apartamentos, que são vendidos depois de prontos.

Mesmo elevados, os valores dos imóveis não afastam compradores, grupo formado por pequenos empresários, profissionais liberais e investidores. O presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (DF), Luiz Carlos Attiê, aposta em uma valorização ainda maior dos imóveis. ‘‘Eles têm liquidez e grande valorização. Quando todas as áreas estiverem prontas, inclusive Águas Claras e o Noroeste, a valorização seria muito maior’’.